sexta-feira, 27 de maio de 2011

Dublin eternizada no Maisfutebol

O Maisfutebol eternizou a final portuguesa da Liga Europa num 10 mais, com as histórias, a crónica e as fotos. Valeu a pena.

http://www.maisfutebol.iol.pt/lista10mais/1256545

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Dublin em vídeo

Desde a primeira hora, pensámos numa forma diferente de abordar a final. F.C. Porto e Sp. Braga conhecem-se há muito, os leitores sabem tudo sobre as duas equipas e estas têm o péssimo hábito de se fecharem em concha. Para fugir ao típico «Porto já viajou», «Porto já chegou a Dublin», «Porto já chegou ao hotel», para além do típico «Braga já viajou», «Braga já chegou a Dublin», «Braga já chegou ao hotel», seguimos outro caminho, com vídeos amadores pelo meio. O resultado foi interessante. Original, pelo menos.

Canal de vídeos aqui

Dublin em fotos



As fotos da nossa final

A Catarina Morais, ex-estagiária e actual colaboradora fotográfica do Maisfutebol, chegou a Dublin na tarde do jogo e voltou na mesma noite. Pelo meio, fez o trabalho possível, com grande qualidade. Aqui ficam as suas fotos, entre outras captadas pela Agência Lusa.

As fotos da nossa final

Liga Europa: F.C. Porto-Sp. Braga, 1-0 (crónica)



Por Pedro Jorge da Cunha

Viena, Sevilha, Gelsenkirchen, Dublin. A Europa pode ter outros amantes, mas reserva uma atenção especial ao F.C. Porto. De cidade em cidade, qual peregrino imbuído da mais sagrada das convicções, os dragões somam conquistas, espalham temor e recolhem respeito. A Liga Europa acaba nas mãos certas, nas mais hábeis e venturosas.

Em Dublin tudo começou devagar, devagarinho. Como quem chega a casa tarde, a tactear o escuro, com medo de acordar quem não pode. O Porto sentiu o espartilho apertado do Braga, foi incapaz de se soltar e submeteu-se a uma vigília dolorosa. Dolorosa e dormente. Só em cima do intervalo, através do 17º voo triunfal de Radamel Falcao na prova, a história mudou de rumo e a letra passou a ser azul.

O cruzamento de Freddy Guarín é perfeito, a movimentação do compatriota colombiano ainda melhor e o cabeceamento absolutamente mortal. A Rep. Irlanda foi a Colômbia europeia naqueles três segundos de magia. Artur Moraes nada podia fazer, Alberto Rodríguez e Paulão sim. Podiam e deviam. Rodríguez perdeu a bola, Paulão perdeu a noção de tempo e espaço, olhou para trás e Falcao já lá não estava.

Como diria James Joyce, autor maior da literatura irlandesa, imagem omnipresente nas ruas de Dublin, os erros são os portais da descoberta. Uma verdade incontestável no raio de percepção do F.C. Porto.

O empate perdido nos pés de Mossoró

Liberto do medo de errar, pois o mal estava feito, o Sp. Braga desapertou a alma e lançou-se na discussão. O jogo ficou a ganhar, as bancadas aplaudiram e Fernando tremeu como nunca antes tremera. Esse pode muito bem ter sido o momento do jogo. Perda de bola irreparável do médio do F.C. Porto, Mossoró (lançado ao intervalo por Domingos) completamente isolado perante Helton e o lance a morrer esmagado pela bota direita do guarda-redes.

Sem complexos, os minhotos alcançaram o patamar exibicional do F.C. Porto. A segunda parte foi toda passada olhos nos olhos. Sem presa, nem caçador, apenas duas equipas plenas de desejo. O bom futebol é, sempre será, o primeiro atalho, o primeiro caminho. É certo que os bons propósitos não eliminam totalmente a possibilidade de fracasso, mas asseguram a felicidade do viajante.

Sem oportunidades claras de golo, a intensidade aumentou, o ritmo foi muito mais forte, o equilíbrio jorrou imparável, minuto atrás de minuto. O Sp. Braga já não foi a tempo de remediar uma primeira parte temerosa e toldada por um erro de um atleta que, possivelmente, não estaria em condições físicas de jogar.

A maquilhagem diz-nos mais que o rosto, exclamou um dia o excêntrico Oscar Wilde, autor de Dublin. A frase pode bem aplicar-se à opção de Domingos pelo central peruano. Camuflou a defesa com um atleta limitado fisicamente e retirou expressão à equipa.

Manter a identidade é a maior vitória do dragão

A consagração do F.C. Porto é um passo mais na aproximação aos gigantes do Velho Continente. O mérito maior desta equipa é a recusa total em abdicar da sua identidade. Seja qual for o adversário. Um hábito inculcado pela forma peculiar de André Villas-Boas olhar para o jogo. A manter 90 por cento deste grupo na próxima época, os dragões podem sonhar com coisas muito bonitas na Liga dos Campeões.

O Sp. Braga só pode ser elogiado pelo venerável percurso. Fez das fraquezas, armas e chegou ao inimaginável. Tenta. Fracassa. Não importa. Tenta outra vez. Fracassa de novo. Fracassa melhor é a mensagem possível na hora da derrota.

As palavras são de Samuel Beckett, um génio brotado nas ruas esconsas de Dublin. A quarta estação da glória azul e branca na Europa.

Uma palavra para a arbitragem do espanhol Velasco Carballo: medíocre.

Liga Europa: F.C. Porto-Sp. Braga, 1-0 (destaques portistas)



Por Vítor Hugo Alvarenga

Radamel Falcao
Conclui a temporada goleadora na Liga Europa com mais um festejo, reforçando o epíteto de exímio cabeceador, não sendo um ponta-de-lança de elevada estatura. 17 tentos, 7 dos quais com a utilização da testa. Um matador de fino recorte, sedutor, felino, talhado para os mais altos voos. Aproveitou a ausência de Rodriguez para vencer o duelo particular com Paulão, esperar o cruzamento de Guarín e cabecear com mestria. Merece ver o seu nome na história desta final.

Freddy Guarín
Encheu o campo na etapa inicial, denotando inteligência posicional nos momentos de caos total na zona intermediária do terreno. Adivinhou várias precipitações de adversários e, numa delas, inventou o golo de Radamel Falcao. Cortou a linha de passe a Albert Rodriguez, galgou terreno mas teve um momento decisivo, ao travar a bola perante Sílvio, ganhando tempo e espaço para ver a movimentação do compatriota. Cruzamento perfeito, golo. Exemplar.

Hulk
Justificava um cartaz pessoal, espalhado pelas ruas de Dublin, a atrair adeptos para esta final, com a promessa de desenhos de rara beleza no relvado. O F.C. Porto colou-lhe o rótulo de jogador mais caro na história do futebol português, ao pagar 19 milhões de euros por 85 por cento do seu passe. Este Hulk, o que arrancou amarelos a Hugo Viana e Silvio (um amarelo avermelhado por sinal) tem capacidade para encantar nos maiores palcos. Perdoam-se os espasmos de individualismo. É um fora-de-série, edição limitada.

Hélton
Celebrar um aniversário, o trigésimo terceiro, perante 45 mil pessoas numa final da Liga Europa é obra. Passou grande períodos sem registo de uma defesa, apesar da existência de tentativas interessantes por parte dos arsenalistas, deixando a sua marca num momento decisivo, logo após o intervalo. Mossoró ultrapassou os limites de velocidade e aproveitou a passividade de Fernando para se isolar. Adivinhou-se o empate. Por instinto, com o pé direito, Hélton disse que não. O capitão do F.C. Porto levanta o troféu europeu na sua melhor época.

Sapunaru
Escapou a uma expulsão que poderia comprometer a estratégia do F.C. Porto. Viu o primeiro cartão amarelo ao minuto 49, numa falta necessária sobre Paulo César mas voltou a pecar na concentração, quando arriscou uma carga sobre Silvio ao minuto 71. O árbitro perdoou-lhe o segundo cartão, perante os protestos arsenalistas. Justificados, por sinal.

Alvaro Pereira
Excelente segunda parte, voltando a demonstrar um pulmão acima da média. Combateu a fase de maior assédio do Sp. Braga com vários desequilíbrios do lado esquerdo. Grande época que ficou apenas condicionada pelos problemas físicos.

Liga Europa: F.C. Porto-Sp. Braga, 1-0 (destaques arsenalistas)

Por Vítor Hugo Alvarenga

Paulão
Imperial. Os laterais do Sporting de Braga entraram mal em jogo, Rodriguez assim continuou durante toda a primeira parte mas Paulão resistiu a tudo, escapando sem qualquer falha de monta. Destacou-se em vários cortes limpos, seguros e autoritários. Fica ligado ao golo de Falcao, com o colombiano a cabecear nas suas costas, mas estava sozinho depois de um erro de Rodriguez numa saída de posição do peruano. Está aí o alibi. No mais, uma bela exibição. Merecia um troféu.

Mossoró
Excelente entrada em campo, substituindo um desinspirado e truculento Hugo Viana. Entrou a todo o vapor, percebendo uma hesitação de Fernando que lhe concedeu uma oportunidade soberana de golo. Podia ter invertido, naquele momento, o rumo da final da Liga Europa. Atirou para defesa soberba de Hélton. Não baixou os índices de rendimento e provocou vários desequilíbrios na fase de maior pressão do Sp. Braga.

Custódio
Rosto de um Sp. Braga verdadeiramente guerreiro, representou a nuance táctica preparada por Domingos Paciência para a final da Liga Europa. O médio português, autor do golo que garantiu a presença em Dublin, resistiu ao regresso do capitão Vandinho e manteve-se no onze, com maior liberdade de movimentos e ordens para impor a sua força a meio-campo. Apareceu num par de lances ofensivos, deforma corajosa. Não foi por ele que o Braga perdeu.

Rodriguez
A sua utilização constituiu um risco consciente, mas foi claramente uma aposta falhada. Rodriguez está limitado fisicamente e o seu estilo de jogo evidencia ainda mais qualquer falta de condição física. Não é um central de aliviar a bola sem rumo, gostando sempre de a entregar em mãos ou sair a jogar. Quando falta a frescura física, comete erros infantis, como aquele que abriu caminho para o golo de Falcao. Exibição negativa e uma opção errada de Domingos. Acontece. Saiu ao intervalo, quando o falhanço se tornou evidente.

Sílvio
Despediu-se do Sporting de Braga, com anunciado acordo como Atlético de Madrid, mas precisa de evitar noites como esta para singrar ao mais alto nível. Entrada em falso no jogo, perdendo vários duelos com Hulk. Em cima da meia-hora, numa abordagem desnecessária e irresponsável ao lance, fez uma tesoura sobre o brasileiro, escapando apenas com o amarelo. Subiu uns furos a atacar na segunda parte mas podia ter deixado o Braga com dez ainda na primeira parte. A merecer reflexão. Na segunda etapa, foram os arsenalistas a pedir a expulsão de Sapunaru, igualmente justificada.

Lima
Não marca há alguns meses e queria desencalhar na final da Liga Europa, frente a um adversário que lhe deixa gratas recordações. Ainda por cima, soube do nascimento da sua filha em pleno treino de adaptação ao relvado de Dublin, na terça-feira. Falhou por completo. Passou ao lado do jogo.

Sporting: Cardinal falta ao treino para ir a Dublin

Cardinal, jogador de futsal do Sporting, faltou ao treino desta quarta-feira para viajar até Dublin, de forma a acompanhar a final da Liga Europa entre F.C. Porto e Sp. Braga.

Ao que o Maisfutebol apurou, o jogador ausentou-se sem autorização do clube leonino, e já se encontra na capital irlandesa, oriundo do Porto. Por isso vai falhar também o jogo-treino com os juniores, marcado para esta tarde.

Assumido adepto portista, Cardinal já tinha criado polémica ao ser visto na linha da frente dos grupos organizados de apoio ao clube, na visita ao Estádio da Luz, no jogo do título.

Dublin: a crise na Irlanda com um toque português





Levado pela ironia do destino que possibilitou uma final entre F.C. Porto e Sp. Braga na Arena de Dublin, o Maisfutebol procurou fazer um ligeiro retrato sobre o cenário de crise económica partilhado por República da Irlanda e Portugal.

Na capital irlandesa, a crise pode até ser resumida com a história de um hotel de luxo desenhado por arquitectos lusos. Seria a bandeira da zona rica de Dublin, no Grand Canal, a um quilómetro do estádio, e estaria concluído até final de 2008. Continua por abrir.

A empresa Aires Mateus & Associados ganhou o concurso para este hotel de cinco estrelas, projectando um espaço inspirado nas formações rochosas da República da Irlanda. O nosso jornal contactou a dupla de arquitectos, procurando esclarecimentos, mas não obteve resposta.

Quando a ideia surgiu, o país nadava literalmente em dinheiro e Dublin pretendia revitalizar as suas docas, transformando-as em algo similar à zona da Expo em Lisboa.

Na visita ao vistoso The Grand Canal Hotel and Residences, o Maisfutebol encontrou, por outro lado, um projecto à imagem do Edifício Transparente no Porto, aproveitado após largos anos de inutilização. O esqueleto está lá mas ninguém quer assumir o futuro.

«Foi sobretudo uma bolha imobiliária»

«O que aconteceu na Irlanda foi sobretudo uma bolha imobiliária. Entrava dinheiro, muito dinheiro, ao contrário do que acontece em Portugal, onde a crise tem a ver com problemas orçamentais e falta de receitas. Aqui tínhamos dinheiro mas encaminhámos tudo para os imóveis», explica o luso-irlandês Antonio Mantero.

Antonio Mantero conhece perfeitamente esta realidade. Aliás, foi uma das vítimas: «Eu trabalhava com um grande proprietário de imóveis. Perdi o emprego em Novembro. Mas eu só perdi o emprego. Ele, que tinha tudo, está completamente arruinado.»

Segundo o luso-irlandês, a crise explica-se em poucas palavras. A Irlanda enriqueceu e apostou nos imóveis. De repente, todos construíam e todos compravam. Os bancos emprestavam dinheiro com juros baixos, apostando no fenómeno. Quando os efeitos da recessão mundial se fizeram sentir, tudo ruiu como um baralho de cartas. Os proprietários perderam interessados, deixaram de pagar os créditos e os bancos ficaram com casas que de nada lhes servem.

«A vinda do FMI fez-nos perceber a gravidade da situação», remata Mantero.

«O foco foi sempre na rapidez»

Pedro Dias, emigrante português que trabalha na sede europeia do Google, em Dublin, considera que a Irlanda respondeu rapidamente à crise. «Houve uma quebra acentuada no mercado de emprego, o que contribuiu para um aumento do número de pessoas desempregadas, reduções de salários e reformas prematuras. No entanto, nas grandes empresas que trabalham nos mercado online e internacional, a crise não se fez sentir com tanta intensidade», começa por dizer.

«Para além disso, a Irlanda sempre teve uma economia e meios de subsistência mais fortes que Portugal, o que transmite uma certa confiança às pessoas e reforça um pouco a confiança numa rápida recuperação», compara Pedro Dias, acrescentando: «Apesar de, como referi, as pessoas terem confiança na economia base da Irlanda, logo de início foi consenso público que a melhor maneira e mais rápida de dar a volta à situação seria através do FMI. Desde o início, o foco foi sempre na rapidez: rapidez em dar a volta à situação, aceitar a realidade e respectivas consequências de uma recuperação lenta.»

Aqui está, em suma, o que separa Portugal e República da Irlanda: a rapidez de resposta.

O berço dos U2: «Bono não conhecia o Sp. Braga»



Nos primeiros estúdios dos U2:





As paredes encharcadas de graffitis escondem um dos principais tesouros de Dublin. O rio, logo ao lado, corre sereno, sem se importar com a herança que o acompanha há 35 anos. Os mais distraídos passam sem perceber a relevância deste armazém devoluto, enrugado, quase triste, na história cultural da Rep. Irlanda. O vazio abafado por estas quatro paredes foi, em tempos, o primeiro estúdio de gravação dos U2.

O Maisfutebol procurou uma forma de entrar. Nada. O edifício está selado, aparentemente sem reconversão à vista. Ao fundo, do outro lado das águas do Liffey, assoma catedrática a cobertura do Dublin Arena, onde F.C. Porto e Sp. Braga disputam esta quarta-feira a final da Liga Europa.

Percorrer o trajecto dos U2 em Dublin é, para os amantes da banda, o mesmo que calcorrear os caminhos de Santiago para o mais convicto dos peregrinos. Tudo começou ali, na zona do Grand Canal. Os primeiros álbuns do grupo, Boy e October, foram concebidos neste laboratório de Windmill Lane.

Em Denver com atenção à final de Dublin

Bono Vox e The Edge enriqueceram, abandonaram a parte norte de Dublin e acastelaram-se (literalmente) em Killiney, paredes-meias com o hotel onde está instalado o Sp. Braga. Ainda assim, são visita habitual ao centro da cidade, pois possuem alguns negócios nessa zona. O Clarence Hotel, por exemplo, é propriedade de ambos desde 1992.

Na altura em que se arrastavam de festa em festa por Temple Bar, os U2 ainda adolescentes alugavam um quarto neste hotel e ficavam por lá, ebriamente incapazes de chegar a casa. Essa relação ocasional encheu-lhes o coração e decidiram adquirir a unidade hoteleira. O Maisfutebol visitou-a esta quarta-feira e confirmou a presença regular de Bono no espaço.

Em Dublin AO MINUTO

«Eles estão nos EUA agora, por acaso. Mas vêm cá muitas vezes ver como estão as coisas», explicou-nos Clinton Attwell, director do Clarence Hotel. Estão em Denver, e facto, para mais um concerto integrado na tournée U2 360. Já agora, ficámos também a saber que foi numa das salas deste hotel que os quatro magníficos de Dublin gravaram uma das versões de Beautiful Day em 1990.

«Sim, de vez em quando ainda trazem guitarras e estão no bar com os hóspedes. Esta semana está a ser óptima. Temos o hotel cheio de portugueses. Sobre a final só falei com o senhor Bono, porque é o que mais gosta de futebol. Mostrou surpresa pela presença do Sp. Braga. Sinceramente, não conhecíamos o clube até há poucos meses.»

U2 no Itália-90 com a Rep. Irlanda

Bono Vox e Larry Mullen são apaixonados por desporto, ao contrário de The Edge e Adam Clayton. O baterista foi o responsável até pelo hino da selecção da Rep. Irlanda no Mundial de 1990. Um torneio de boas memórias para o país, pois os rapazes comandados por Jackie Charlton chegaram até aos quartos-de-final.

Paul McGuinness, histórico manager dos U2, já fez uma incursão ambiciosa no mundo do futebol. No início dos anos 90 tentou comprar o Wimbledon, que na altura jogava na Premier League, e mudá-lo de Londres para Dublin. A federação irlandesa vetou o negócio. O Wimbledon, coincidência ou não, conheceu depois disso o caos financeiro e foi dissolvido em 2004. Agora chama-se Milton Keynes Dons e está no terceiro escalão inglês.

A música de Larry Mullen para o Itália-90:

Dublin: não há futebol num dos maiores estádios da Europa



Em Corke Park, um estádio de consideráveis dimensões em Dublin, não há futebol. A realidade estranha-se, quando se ouve falar de um dos maiores recintos da Europa. São 82.300 lugares, mais que a Luz, o Dragão ou Alvalade, à espera dos desportos gaélicos.

Os irlandeses orgulham-se da independência conquistada com sangue e promovem o nacionalismo de várias formas. Uma delas, o desporto. A GAA (Gaelic Athletic Association) utiliza o Corke Park como sede e palco dos seus jogos.

Aqui, em Dublin, quase todos os homens praticaram Futebol Gaélico ou Hurling, os desportos gaélicos que a República da Irlanda apresentou ao Mundo. Padráig Amond, que joga no Paços de Ferreira, praticou Hurling até à adolescência. É um hábito, uma tradição reforçada ao longo das gerações.

Do outro lado da capital irlandesa, nesta quarta-feira portuguesa, estará um dos maiores estádios da Europa sem espaço para o futebol. O Corke Park é apenas superado por Camp Nou (99 mil lugares), o estádio de Wembley (90 mil) e o estádio Luzhniki, em Moscovo (89 mil).

Para os defensores dos Desportos Gaélicos, o râguebi e o futebol são jogos de protestantes, popularizados pela rival Inglaterra e, como tal, indesejados. Durante anos, quem fosse visto em eventos desses desportivos será excluído automaticamente da GAA. Isso aconteceu até a um presidente da República da Irlanda, Douglas Hyde.

As excepções contam-se pelos dedos. Em Fevereiro de 2007, Corke Park aceitou receber dois jogos de râguebi. A selecção da Irlanda perdeu com a França mas venceu o encontro que gerava maior inquietação. No dia 24, num palco onde morreram várias pessoas durante o Bloody Sunday, ouviu-se o hino de Inglaterra. Ninguém protestou. Imperou o silêncio e o choro de revolta. A equipa da casa venceu por números convincentes e abafou os protestos.

Dublin: portugueses do Google estão eufóricos com a final



Os portugueses que trabalham na sede europeia do Google, gigante internacional de serviços online e software, estão eufóricos com a presença de F.C. Porto e Sp. Braga na final da Liga Europa. Duas suas janelas, têm vista privilegiada para a Arena de Dublin, palco do encontro.

O quartel-general da empresa, na Europa, fica a 500 metros do estádio e a 15/20 do hotel que recebe o Maisfutebol para esta final. Se procurar o Google no mapa, justificando este trocadilho, perceberá a oportunidade única para estes emigrantes lusos.

No interior da sede, cerca de 30 emigrantes portugueses manifestam o seu orgulho com bandeiras penduradas no tecto, acima das suas secretárias. A multinacional tem perto de dois mil funcionários em Dublin, oriundos de todos os quadrantes. Mas, ao longo dos últimos dias, Portugal brilhou com maior intensidade.

«Os portugueses estão completamente eufóricos com a presença de duas equipas portuguesas na final, e muitos dos nossos colegas sabem que o futebol Português é algo que é muito levado a sério... Normalmente os jogadores portugueses são conhecidos por praticamente toda a gente e dispensam apresentações», explica Pedro Dias, um dos representantes lusos no Google, em entrevista ao Maisfutebol.

«Irlandeses são fãs do futebol português»

O gigante de serviços e software promove a criatividade e inova na abordagem. Os funcionários têm gastronomia variada à sua disposição, ginásio, matraquilhos e todo o tipo de formas para aliviar o stress. Gratuitamente, claro.

«O Google é como um mundo em forma de empresa. Todos os dias interagimos com colegas de todos os cantos do planeta nos mais variados projectos e produtos. É uma empresa que não dorme, mesmo durante os fins-de-semana é possível por vezes encontrar pessoas online dentro do escritório, não porque sejam obrigados a ali estar, mas porque querem e porque se sentem motivados a fazê-lo», conta o algarvio Pedro Dias, que chegou à empresa em 2006.

Pedro, licenciado em Design Gráfico, não pretende ir ao estádio mas garante que os seus companheiros estarão lá, assim como muitos irlandeses: «Claro que há agitação com a visita (da Rainha de Inglaterra), mas não acredito que seja algo que tenha impacto no número de pessoas no estádio. Os Irlandeses são fãs do futebol português, principalmente pelas nossas vitórias frente à Inglaterra.»

Já agora, uns conselhos

A terminar, para não perdermos a oportunidade de ter uma opinião avalizada, pedimos a Pedro Dias para falar sobre o futuro da comunicação social portuguesa, como o Maisfutebol, na utilização dos meios on-line.

«Por esta altura, creio que já todos entendemos que a imprensa tradicional, dia após dia, tem tendência a decrescer. As pessoas cada vez mais procuram informação on-line e actualizada tanto no computador tradicional como no telefone que hoje em dia praticamente se transformou em algo imprescindível, e que praticamente vai substituir o computador portátil», antevê.

«Se considerarmos o número de portugueses que vive no estrangeiro que podemos atingir utilizando o meio on-line, é um ponto de partida para uma vantagem em termos de sucesso e visibilidade. No meu caso, toda a informação que recebo de Portugal vem através de meios online pois praticamente não tenho acesso aos meios tradicionais», remata um dos portugueses do Google.

F.C. Porto-Sp. Braga (antevisão): de Portugal para o Mundo

F.C. Porto e Sp. Braga conquistaram a cidade de Dublin. Nesta quarta-feira, partirão à descoberta de novos horizontes. A curiosidade ultrapassa o pessimismo, nobre defeito português. Haverá festa lusa na Arena irlandesa.

Na terça-feira, com a Rainha de Inglaterra a roubar grande parte dos holofotes, temeu-se o pior. Ao longo dos dias, perspectivou-se uma final sem interesse, um jogo da Liga em território estranho, apenas e só. Pura ilusão.

Quando André Villas-Boas e Domingos Paciência lançaram a final, percebeu-se a real dimensão do fenómeno. Jornalistas do Japão, da Colômbia, de Itália,de Inglaterra, da Colômbia e até do Sudão, todos quiseram saber como Portugal conquistou o seu espaço em Dublin. Entre nós, jornalistas, sentiu-se indisfarçável orgulho.

A organização terá oferecido milhares de bilhetes, parece claro, para encher a Arena, mas acredita piamente que tal irá acontecer. De Portugal, virão perto de 20 mil, congestionando os aeroportos, sobretudo o Sá Carneiro. De um pouco de toda a Europa, outros milhares, emigrantes radiantes pela expressão máxima do nosso futebol.

Na República da Irlanda, idêntico cenário. Emigrantes portistas, arsenalistas, benfiquistas, sportinguistas ou apenas portugueses desinteressados pelo futebol. Todos estarão lá. Para os locais, a curiosidade também aguça o apetite. O futebol português está de parabéns.

NA capital irlandesa, onde o Maisfutebol está desde segunda-feira, percebe-se que a popularidade do futebol não-britânico é relativa, perdendo para o râguebi e os desportos gaélicos, por exemplo. Depois vem o futebol inglês, o escocês por causa do Celtic, um pouco de futebol local, o críquet lá pelo meio e algo mais que enche páginas dos jornais e nos escapa. Ainda assim, estarão lá, a ver. Todos os caminhos vão dar à Arena de Dublin.

Ambição supera o coração

André Villas-Boas gostava de Domingos e Domingos gostava do F.C. Porto. Neste duelo particular de treinadores, a ambição supera o coração. Um pode ser o mais jovem a conquistar a Liga Europa. O outro pode ser o primeiro a fazê-lo frente a uma equipa que representou enquanto jogador.

O F.C. Porto surpreende a Europa por novo fulgor, pelo futebol de Huk, pelos golos de Falcao, pelo rótulo de mini-Mourinho que André Villas-Boas tenta descolar do seu fato a todo o custo. O Sp. Braga é o «underdog», a expressão britânica para o pequeno que se tenta agigantar.

Não é David contra Golias, fala-se de uma final entre velhos conhecidos e tudo pode acontecer em noventa minutos de futebol. Se o F.C. Porto vencer, será mais um troféu, a coroação europeia numa época de recordes, de uma Liga exemplar, uma Supertaça conquista e uma Taça em aberto. Se sucumbir, com o Braga como obstáculo, perde largo crédito interno.

O Sp. Braga joga sem pressão, pode ganhar uma Liga Europa aportuguesada mas cairá nas bocas do Mundo, que lembrará as batalhas superadas, os colossos que ficaram pelo caminho, de Sevilha, de Liverpool, do Benfica até que queria cá estar. O sonho está ali, bem perto. São 90 minutos, milhões a ver pela televisão, o novo grande português contra um campeão fulgurante.

Os dados estão lançados, Dublin abriu as portas, o Mundo estará a ver. Pode começar.

Equipas prováveis:

F.C. PORTO: Helton; Sapunaru, Rolando, Maicon e Alvaro Pereira; Fernando, Guarín e João Moutinho; Hulk, Falcao e Varela.

SP. BRAGA: Artur Moraes; Miguel Garcia, Rodríguez, Paulão e Sílvio; Custódio, Vandinho e Hugo Viana; Alan, Lima e Paulo César.

Benfica e Sporting no relvado de Dublin: saiba como!

Por momentos, Dublin ficou ainda mais portuguesa. Os representantes lusos na capital da Rep. Irlanda deixaram de ser, apenas, F.C. Porto e Sp. Braga. No relvado do Estádio Aviva, palco da final desta quarta-feira, houve espaço para o Benfica e o Sporting. Confuso, leitor?

Na verdade, apenas os estandartes dos dois clubes lisboetas desfilaram pelo relvado. Depois do treino do Sp. Braga, a organização realizou o ensaio geral da cerimónia de abertura da final. Uma das partes da festa contempla a entrada em campo dos estandartes de todos os emblemas que participaram na competição.

A honra cabe, apenas, às equipas que estiveram na fase de grupos, pelo que o Marítimo, eliminado no «play-off» pelo Bate Borisov, não terá lugar na cerimónia. O Sporting, que caiu nos oitavos-de-final com o Glasgow Rangers, e o Benfica, eliminado pelo Sp. Braga no último jogo antes desta final são dois dos clubes lembrados.

Villas-Boas e Domingos: antes da bola, as palavras



Final de tarde muito animado na sala de imprensa do Dublin Arena. Para já, o duelo F.C. Porto-Sp. Braga vai sendo feito através de palavras. As despesas vão quase todas para a conta dos dois treinadores, André Villas-Boas e Domingos Paciência.

Nesta final europeia não há segredos a esconder. Ambos os técnicos possuem um conhecimento profundo do adversário, da identidade de cada um e da estrutura a utilizar na final da Liga Europa.

Cobertura AO MINUTO dos enviados-especiais a Dublin

Provocações não houve de parte a parte, apesar de um discreto tom de acusador de Villas-Boas. «O Domingos tem feito algumas declarações contraditórias» no lançamento desde importante jogo, referiu o treinador do F.C. Porto. Grande parte da sua conferência de imprensa foi passada a responder questões de jornalistas estrangeiros, ávidos por detalhes sobre a sua relação passada com José Mourinho.

Fora esse breve interlúdio, o tom foi amistoso. Domingos até admitiu ter ficado feliz quando soube da história entre Villas-Boas e o saudoso Bobby Robson. «Fiquei contente por saber que o André gostava do meu estilo de jogo, por aquilo que ele fez. Acho que também o marcou a ele», vincou o treinador do Sp. Braga.

Fique, então, com o resumo da conferência de imprensa de ambos os técnicos.

As palavras de André Villas-Boas:

«Quero Dublin nas nossas memórias por longos anos»

«Não sou um ditador»

«Com Mourinho compreendi o meu papel desde o início»

As palavras de Domingos Paciência:

«Este sonho ainda não acabou»

«Em 1987 o F.C. Porto também não era favorito»

«Espero contar com adeptos de Benfica e Sporting»

«Saber do gesto de André com Robson deixou-me feliz»

Domingos não quer acordar: «Este sonho ainda não acabou»



Domingos Paciência apresentou-se na sala de imprensa da Arena de Dublin sem grande pressão. O favoritismo está do lado do F.C. Porto, mas o treinador reconhece que o Sporting de Braga tem grandes esperanças de conquista do troféu da Liga Europa.

«Longe de pensar que isto poderia acontecer, acho que todos temos direito de sonhar e este sonho está perto de ser concretizado na plenitude. Ainda não quero bater com a mão na mesa de cabeceira e acordar, porque acho que este sonho ainda não acabou», atirou o técnico, durante a longa conversa com os jornalistas.

Procurando concentração máxima para a final, Domingos evitou falar sobre a anunciada saída e o futuro, com o Sporting à espera. «Estou focado naquela Taça, é esse momento», disse, apontando para o troféu que estava em exibição na sala: «Era um prazer ver os meus jogadores levantar aquela Taça. Tenho a cabeça totalmente ocupada com o que podemos fazer aqui amanhã. Já nem tenho dormido bem.»

«Acho que, de qualquer forma, ficarei no coração destes adeptos e deste clube, assim como eles ficarão no meu. Acho que nunca irá acontecer uma despedida, porque ficará sempre na memória de todos», acrescentou, reconhecendo que o Sp. Braga será diferente daqui para a frente: «Não é o final, o Sporting de Braga nunca será igual mas o clube e os adeptos quererão sempre mais e mais.»

Domingos Paciência recordou a trajectória europeia da equipa. «Foram muitas as dificuldades. Quando entrámos na Liga Europa, com poucos jogadores, notou-se as virtudes que tivemos, com as improvisações e o recurso a jovens do Vizela, sem grande ritmo competitivo. Este prémio de estar aqui sabe a pouco para o que têm feito. Essa mentalidade, essa capacidade de superação, leva-me a acreditar que podemos alcançar mais», voltou a salientar.

A título pessoal, o treinador não quis catalogar este como o ponto mais alto da carreira: «Se eu conseguir fazer com que a minha carreira de treinador apague a carreira de jogador, não ficarei triste, mas disputei quartos-de-final, meias-finais, marquei golos, joguei da Liga dos Campeões. Se calhar, alguns mais jovens não se lembram tanto disso.»

«O que sinto é que tenho cinco anos de treinador na Liga e que a minha carreira tem sido sempre a subir. Sinto que esta é uma experiência única mas posso ganhar mais. Espero que o futuro seja cada vez melhor. Espero estar noutra final no futuro», concluiu Domingos.

O desafio de Villas-Boas: «Eternizar Dublin»

Foi em Agosto, precisamente há nove meses, que André Villas-Boas se propôs publicamente a vencer a Liga Europa. A missão está quase cumprida. Para o técnico, a equipa limitou-se a fazer a sua obrigação: «chegar o mais longe possível». Agora, tão perto do jogo de todas as decisões, assume estar «esperançado», mas recusa todo e qualquer tipo de favoritismo. Ainda assim, quer eternizar Dublin na história portista.

«Acreditamos na nossa competência. O Sp. Braga é um desafio aliciante. Deixou para trás equipas de grande reputação. É decisivo entrar com ambição e com o desejo de vitória. Vamos estar ao nosso máximo nível e confiantes», sublinhou treinador do F.C. Porto na conferência de imprensa de antevisão à final da Europa League.

Mourinho, Hulk e um jornalista atrapalhado

«O favoritismo não interessa a ninguém. Estamos a falar de duas equipas com organizações diferentes e identidade forte. O Braga vem de um conjunto de vitórias alucinantes. É um clube em crescendo. O plantel e o próprio Domingos têm qualidade extrema. Não me interessa nada ser favorito.»

A receita para o jogo não será diferente da aplicada ao longo de toda a época. André Villas-Boas não abdica, por um minuto que seja, da identidade que defende. Do lado do Sp. Braga, diz o técnico, também não haverá surpresas de monta. Por um motivo simples. «Foram estas identidades que nos trouxeram à final. Estamos confiantes na nossa organização.»

Esta é a segunda vez que Villas-Boas visita a Rep. Irlanda. A primeira teve lugar há uns anos, quando ainda trabalhava no Chelsea e veio observar a selecção irlandesa. «Está a ser uma grande experiência. Espero que Dublin fique na nossa memória por longos anos.»

Nada melhor do que esta frase para lançar o encontro.

«Isto não é one man show»

A curiosidade dos jornalistas estrangeiros sobre Villas-Boas é enorme. A uma questão em que se atreviam a sugerir mérito individual do técnico, este resistia de forma estóica.

«O trabalho do treinador depende da qualidade da estrutura e dos jogadores. Foram eles que nos fizeram alcançar um registo incrível na Liga. Isto não é um one man show», defendeu mais do que uma vez o treinador do F.C. Porto.

«Não sou um ditador»

Naturalmente, a presença de duas equipas portuguesas também causa estranheza. Villas-Boas deu a sua explicação para este sucesso sem paralelo no nosso futebol. «Isto reflecte a nossa qualidade. Há imenso talento no país. Produzimos jogadores com muita técnica e criatividade. Já em 2003 e 2004 o José Mourinho aproveitou essas características. Agora sou eu e o Domingos. Se calhar não falam muito do nosso campeonato, mas falam dos nossos jogadores porque se trabalha bem nos clubes portugueses.»

Arena de Dublin espera casa cheia e impacto de 25 milhões

Os responsáveis pela Arena de Dublin, palco da final da Liga Europa, esperam casa cheia no confronto entre F.C. Porto e Sporting de Braga, agendado para esta quarta-feira.

Em informações enviadas para o Maisfutebol, respondendo a uma solicitação do nosso jornal, os responsáveis irlandeses salientaram o impacto que esta final vai provocar na economia e no futebol locais.

A visita da Rainha de Inglaterra, seguida de Barack Obama, está naturalmente a desviar as atenções da população e da imprensa. De qualquer forma, este será um evento com destaque no país.

As últimas estimativas apontam para um impacto de 25 milhões de euros na economia local. Para além disso, a UEFA patrocinou a construção de um novo campo de futebol para crianças em Dublin.

A UEFA aproveitou a final da Liga Europa para promover um torneio de jovens, procurando ganhar mais adeptos para um desporto que compete com o râguebi, o futebol gaélico e o hurling. Muitos desses jovens terão entrada gratuita na final.

Aliás, conforme o Maisfutebol adiantou, milhares de bilhetes estão a ser enviados para os clubes do país, para depois serem distribuidos pelos jovens atletas, por forma a compor as bancadas da Arena de Dublin.

Rainha chega a Dublin (www.tvi24.iol.pt)

É uma homenagem à Irlanda, marcando um momento histórico na relação entre os dois países. A rainha Isabel II aterrou ao início da tarde em Dublin e logo se fez notar com a sua roupa em tons verdes jade, os tradicionalmente ligados ao país que agora visita.

A confusão está instalada na capital e até parece que não vai realizar-se esta quarta-feira uma final da Liga Europa, que vai colocar frente-a-frente duas equipas portuguesas: F.C. Porto e Sp. Braga. Durante quatro dias, porém, os irlandeses vão entreter-se a ver a Rainha passar.

Para o efeito foi montado o mais apertado esquema de segurança da história da República da Irlanda. Em tempos de crise foi preciso investir cerca de 30 milhões de euros, encerrar ruas, condicionar o trânsito, chamar agentes da autoridade de todas as zonas do país e esperar que nada de mal aconteça.

Quanto a protestos, regista-se pelo menos um, no «Garden of Remembrance», local do centro da cidade que será visitado pela Rainha ainda durante esta terça-feira. Será a oportunidade para homenagear os que morreram pela liberdade da República da Irlanda contra a lei do Reino Unido.

Curioso é o facto da segurança para o jogo ser praticamente inexistente. Os adeptos também vão passando despercebidos e também assistem ao espectáculo. Misturam-se com os locais, que aguardam pela passagem da Rainha. O tempo ajuda, pois não chove.

De assinalar que à hora em que André Villas-Boas vai dar a conferência de imprensa, ao final da tarde de hoje, Isabel II estará na Universidade de Dublin (Trinity College). Pouco mais de um quilómetro os separará nessa altura.

Dublin: o medo e a Rainha a 1500 metros do estádio



Dublin acordou com um clima de tensão, à espera da chegada da Rainha de Inglaterra. O medo não atinge a população, mas sim as forças policiais que tomaram medidas sem precedentes para combater ameaças reais ou não de represálias.

A capital da República da Irlanda, que vai receber o embate entre F.C. Porto e Sporting de Braga, está claramente dividida. De um lado, os mais liberais, os entusiastas pela visita da Rainha, a primeira da coroa britânica em 100 anos.

Do outro lado, estão os conservadores, a geração mais velha que recorda episódios sangrentos de luta pela independência. Muitos deles optam pela indiferença. Não protestam, mas também não aplaudem.

Estes irritam-se com as ruas cortadas, as excessivas medidas de segurança, os 30 milhões de euros gastos na operação, numa altura de crise, as 10 mil pessoas, entre polícias, militares e staff, envolvidas no processo.

A Rainha Isabel II chega nesta terça-feira a Dublin e parte no final da semana. Pelo meio, marcará presença em vários eventos com enorme peso simbólico. A visita ao Garden of Remembrance, para homenagear todos aqueles que perderam as suas vidas a lutar pela indpendência da Irlanda, é um deles.

Ainda hoje, durante a tarde, enquanto F.C. Porto e Sp. Braga realizarem as conferências de imprensa e treinos de adaptação à Arena de Dublin, a Rainha de Inglaterra estará a cerca de 1,5 quilómetros. Com ela, no Trinity College, toda a máquina de segurança e a tensão inerente.

Esse será o momento de maior proximidade entre as duas realidades: a final da Liga Europa e a visita da realeza britânica. Isabel II irá ficar alojada em Phoenix Park, já longe do centro e a norte da capital irlandesa, enquanto o estádio fica a sul. À hora do jogo de quarta-feira, estará a jantar no Castelo de Dublin, para as despedidas formais.

Continue a acompanhar tudo sobre a final da Liga Europa no Maisfutebol.

Liga irlandesa: Sp. Fingal, o espelho da crise



A liga irlandesa atingiu um estado de decrepitude nos últimos quatro anos. Vários clubes foram atingidos violentamente pela crise financeira e alguns deles foram forçados a fechar as portas. A aposta no profissionalismo tornou-se incomportável para instituições de frágil sustentação e orçamento exíguo. O passo mostrou ser maior do que a perna.

Um exemplo, em particular, chamou a atenção do Maisfutebol: o Sp. Fingal. Criado em 2007, este emblema chegou ao primeiro escalão em 2009 e alcançou de imediato um brilhante quarto lugar. Ganhou a Taça da Irlanda e o direito a participar na Liga Europa 2010/11. Pelo caminho encontrou o Marítimo. Perdeu ambos os jogos por 3-2.

Alguns meses depois fechou as portas. A ascensão e queda numa história tão curta. «O projecto acabou subitamente por dois motivos: os problemas financeiros do maior accionista e a desistência, em cima do início da liga, do principal patrocinador», explica ao nosso jornal John OBrien, antigo director-técnico do Sp. Fingal.

«A notícia foi devastadora e deixou-nos sem tempo para reagir. É uma pena pois o clube tinha propósitos únicos. Fomos o primeiro emblema fundado em cooperação com uma autoridade local [Fingal County Council], cobríamos uma área com mais de 250 mil habitantes (um recorde para a liga irlandês) e apostámos no futebol como meio de inclusão social. Para este último objectivo trabalhámos directamente com escolas, polícia e autoridades locais.»

O Sp. Fingal tinha tudo para dar certo. Não deu. Falhou redondamente, aliás, apesar das nobres intenções. «O sucesso desportivo chegou por acaso. O grande desafio era criar um largo número de programas sociais e beneficiar o maior número de pessoas possível com isso. Acreditávamos que seria esse trabalho a tornar o clube sustentável.»

«A liga está ao nível da II divisão portuguesa»

A liga irlandesa de futebol existe desde 1921. Esteve sempre na sombra das congéneres inglesa e escocesa. Ocupa actualmente o 31º lugar no ranking dos 53 campeonatos nacionais da Europa e tem, desde 2007, um tecto salarial para todos os jogadores. É, de resto, a primeira e única liga europeia com esta regra.

O clube mais titulado é o Shamrock Rovers, vencedor de 16 campeonatos. O Shelbourne (13), o Bohemians (11) e o Dundalk (9) são outras das equipas mais populares do país. O Shelbourne acumulou milhões de dívidas e está desde 2007 na segunda divisão, o Drogheda tem um défice de 800 mil euros, o Cork City acabou despromovido em 2010 no seguimento da rotura dos cofres e o Derry City foi expulso das provas do país em 2009 por ter falsificado certidões. A federação readmitiu, entretanto, o clube.

Antonio Mantero, treinador luso-irlandês nas camadas jovens do Lourdes Celtic, traça ao Maisfutebol um retrato desolador. «O nível do campeonato é muito fraco. Os melhores jogadores vão logo para Inglaterra. Nesta altura, quase todos os clubes estão em crise. O Bohemians também está numa situação muito difícil. Ia vender o seu estádio, onde ia ser construído um complexo residencial de luxo, mas a crise imobiliária chegou e o negócio foi por água abaixo. Agora podem mesmo fechar», explica o técnico.

Para Nuno das Neves, vice-presidente da Associação Portuguesa da Irlanda, a liga irlandesa tem «um nível muito fraco, ao nível da II Divisão portuguesa». «Eles preferem os desportos tipicamente irlandeses, como o futebol gaélico ou o Hurling, ou o râguebi.»

O emigrante explica ainda que «quase todos os irlandeses apoiam equipas inglesas do Norte, já que as de Londres estão associadas ao poder central». «Gostam muito do Liverpool, sobretudo, mas também do Man. United. Também gostam quase todos do Celtic, por questões religiosas.»

Mundo benfiquista em Dublin: «Dói um bocadinho»



O Benfica está longe, muito longe de Dublin, para frustração de muitos dos emigrantes portugueses da capital irlandesa. Mas há formas de contornar o semblante carregado e o coração dorido. Tiago Oliveira, por exemplo, vai ao estádio ver a final da Liga Europa e é bem capaz de ir com a camisola do clube da Luz.

«Dói um bocadinho. Estou em Dublin há 12 anos, tinha a oportunidade única de ver o meu clube numa final europeia na cidade onde vivo e o Sp. Braga não deixou», desabafa o engenheiro português, em conversa com o Maisfutebol no pub Slattery's, a escassas centenas de metros do Aviva Stadium (ou Dublin Arena).

«Ao menos vou ver duas equipas portuguesas. Se fosse o F.C. Porto contra o Dínamo Kiev era pior. Assim posso torcer pelo Sp. Braga. Ainda estou a pensar se levo a minha camisola do Benfica ou não. Se calhar levo só a bandeira de Portugal, tenho de ver», diz Tiago Oliveira, que nunca pensou em faltar ao jogo. Tinha mesmo de ser. A imagem do esqueleto das bancadas entra pela janela da empresa deste engenheiro adentro.

«Por acaso arranjei o bilhete só agora. Não arrisquei comprar antes. Sei que há benfiquistas ainda demasiado doridos para ir ao jogo, embora conheça vários emigrantes portugueses que vão. Há um grande entusiasmo na comunidade portuguesa por este F.C. Porto-Sp. Braga.»

Tiago Oliveira chegou à Irlanda em 1999, passou também três anos em Inglaterra, casou-se com uma irlandesa e tem duas filhas. Tudo seria realmente perfeito se o Benfica estivesse cá e não houvesse a inoportunidade de duas visitas pouco desejadas.

«No dia do jogo vai haver mais animação. A presença da rainha esta semana e do Barack Obama na próxima estragaram um bocado o ambiente. Até o festival da canção roubou protagonismo à Liga Europa. Quarta-feira será diferente e o ambiente será óptimo.»

«Assim vamos mais descontraídos ao jogo»

Se Tiago Oliveira já está em Dublin, outros benfiquistas vêm ainda a caminho. Eduardo Batalha viaja com dois amigos de Faro para Liverpool e depois da cidade dos Beatles até à capital da Rep. Irlanda. É leitor do Maisfutebol e contou-nos a sua aventura.

«Cada um de nós, sócios e ferrenhos benfiquistas, contava obviamente com a presença do Glorioso, mas a falta de arte, de sorte e, sobretudo, de empenho e garra deixou-nos de mãos a abanar», lamenta.

«Entre perder o dinheiro dos bilhetes e da viagem ou aproveitar para ter três dias de diversão e futebol, nem hesitámos. Não é todos os dias que se vê ao vivo uma equipa portuguesa jogar no estrangeiro, e muito menos duas, muito menos numa final de uma competição europeia.»

Eduardo Batalha, curiosamente, estudou em Braga. Também por isso, «mas não só», já escolheu para onde inclinará o coração na final. «Fiquei com um certo carinho pelo clube. Lembro-me de ir ver uns jogos ao Estádio 1.ª de Maio, quando o Braga fez uma boa época na UEFA. Jogou com o Vitesse, o Karlsruhe e tinha o Karoglan e o Toni no ataque.»

Devoto benfiquista, Eduardo Batalha até vê um ponto positivo na ausência do seu clube. «Acho que assim até vamos mais descontraídos», remata, num notável fair-play. O mundo benfiquista não desiste da final, mesmo que a equipa de Jorge Jesus não tenha correspondido aos seus anseios.

Dublin: nuvens cinzentas aguardam a rainha e as equipas



Céu cinzento, chuviscos, temperatura bastante mais baixa do que em Portugal. Nada que surpreenda, de resto, quem chega a Dublin. O enquadramento é tipicamente irlandês, como se de um texto de James Joyce ou de uma letra de Bono Vox se tratasse.

A equipa de reportagem do Maisfutebol andou a conhecer a capital irlandesa, recebeu de um simpático taxista uma bola de hurling (um dos afamados desportos gaélicos) e confirmou que a comunicação social irlandesa ainda não acordou para a final europeia de futebol. O jornal Irish Independent, por exemplo, não traz na edição de hoje uma única linha sobre o F.C. Porto-Sp. Braga.

A cidade vive dias de agitação, pois é já na terça-feira que chega a rainha Isabel II para uma visita histórica. Há 100 anos que um monarca britânico não pisa solo da Rep. Irlanda. Várias ruas estão cortadas, o trânsito flui com dificuldade e a paciência dos pacatos cidadãos já conheceu dias melhores.

Há, ainda assim, duas facções bem vincadas. Alguns, como o taxista Garvin Dempsey, desprezam a presença da soberana britânica e chegam a prever alguns problemas para os dias que estão a chegar. Outros, a exemplo da recepcionista do hotel onde nos instalámos, parecem entusiasmados com os holofotes da comunicação social e aplaudem a presença da representante maior da Casa Real.

Por trás desta cortina opaca há um jogo de futebol a ser preparado. Nas imediações do estádio e no aeroporto já se encontram algumas referências à final, tal como no pub Slattery's, a 200 metros da Dublin Arena. Duas enormes bandeiras de F.C. Porto e Sp. Braga, dezenas de galhardetes dos dois emblemas e um excelente ambiente, sempre regado pelas famosas pints.

A comitiva do F.C. Porto aterra por volta das 23 horas no aeroporto de Dublin. O Sp. Braga só viaja na terça-feira e chega à ilha verde à hora de almoço.

Walsh, o irlandês dragão: «Enchi a pista do aeroporto»



Coração irlandês num dragão da cabeça aos pés. Mike Walsh, antigo ponta-de-lança do F.C. Porto e ex-internacional da Rep. Irlanda. Para ele, naturalmente, a final de Dublin tem um sabor redobradamente especial. «É a melhor cidade europeia para se festejar a vitória do Porto. As pessoas são extremamente simpáticas e vão querer juntar-se a esta festa», diz Walsh, em entrevista ao Maisfutebol.

Para quem não se lembra, este irlandês representa o F.C. Porto entre 1980 e 1986, procedente de Blackpool, Everton e QPR. Participa, por exemplo, na primeira final europeia dos dragões. «O clube estava a crescer, já com o Pinto da Costa. Em 1984 chegámos à final da Taça das Taças», recorda, referindo-se ao polémico duelo com a Juventus.

«Joguei a última meia-hora em Basileia. Na fase final houve dois lances em que fomos prejudicados. Um penalty sobre o João Pinto não foi assinalado e o segundo golo da Juventus, marcado pelo Boniek, é precedido de falta. Ficámos tão doidos que o falecido Zé Beto ainda andou atrás do fiscal!»

Outros tempos. No banco não estava quem devia ter estado. «O senhor Pedroto já estava doente. Foi o António Morais comandar a equipa. Apesar da gravidade da doença [Pedroto faleceria oito meses depois] recebemos uma mensagem dele a dizer que estava tudo bem. Quis dar-nos força e tentou que não pensássemos no seu estado de saúde durante 90 minutos.»

Um golo decisivo em Donetsk

Essa campanha europeia de 1983/84, desaguada na Suíça, tem batalhas épicas. Dínamo Zagreb, Glasgow Rangers, Shakhtar Donetsk e Aberdeen caem aos pés do noviço dragão. Na Ucrânia a eliminatória é decidida por Mike Walsh, precisamente. Os adeptos do F.C. Porto começam a deleitar-se nos prazeres uefeiros.

«Se calhar foi o golo mais importante que fiz com a camisola do Porto. A equipa qualificou-se para as meias-finais e foi a loucura. Você não imagina», atira Walsh, quase a suspirar. «Veja bem. Fizemos uma viagem de Donetsk para o Porto com escala em Lisboa. Quando íamos aterrar em Pedras Rubras fomos avisados pelo comandante que teríamos de voltar para trás. Porquê? A pista do aeroporto foi invadida por milhares de adeptos. E a culpa foi minha!»

A primeira vez não acaba bem, mas há tempo para corrigir a curva da decepção. O Porto conquista Viena em 1987, Sevilha em 2003 e Gelsenkirchen em 2004. «Estive em todos os jogos, menos no primeiro. Quando o F.C. Porto ganhou ao Bayern eu jogava no Salgueiros e não pude ir à Áustria», justifica.

Em nome do pai: irlandês, claro

Mike Walsh é irlandês, sente-se irlandês, mas nasce em Inglaterra. Uma homenagem póstuma ao pai fá-lo optar pela Rep. Irlanda e é internacional 21 vezes. «O meu pai morreu antes de eu nascer. Era um irlandês dos bons e apaixonado pelo futebol. Quando comecei a ter alguma consciência das coisas prometi à minha mãe que um dia ia enchê-lo de orgulho. Acho que o consegui na tarde em que joguei pela primeira vez com a camisola da Irlanda.»

Em 1980 chega a Portugal para ser o sucessor de Gomes [entretanto vendido ao Sp. Gijon] e destaca-se pelo fortíssimo jogo de cabeça. Na terceira época de dragão ao peito faz 15 golos no campeonato, o seu melhor registo no nosso país. É duas vezes campeão nacional, ganha uma taça e quatro supertaças.

Apaixona-se pela cidade e mantém residência na zona de Miramar. Em Janeiro de 1985 é pai de quadrigémeos! «Todos sobreviveram e estão bem. Três raparigas e um rapaz. Vou com ele a Dublin apoiar o F.C. Porto. Tenho a certeza que vamos ganhar, mas atenção: os irlandeses têm um carinho especial por underdogs [equipas-surpresa] e vão puxar pelo Braga.»

Dublin: conheça o técnico que descobriu o futebol em Cascais



Antonio Mantero está radiante. Esta semana, pode assistir à reunião de três amores em Dublin, na final da Liga Europa. Ele adora o futebol, a República da Irlanda e Portugal. O treinador luso-irlandês explica-nos a sua história.

Em entrevista ao Maisfutebol, Mantero relata a infância nas praias de Cascais, onde descobriu o futebol no seu estado puro. Passou pelos escalões de formação do Estoril e até do Sporting, antes de rumar à República da Irlanda.

«Sou filho de pai português e mãe irlandesa. Vivi em Portugal de 1982 e 1990. Foi lá que descobri a paixão pelo jogo», começa por dizer. Actualmente, Antonio Mantero vive em Dublin e treina equipas jovens como o Lourdes Celtic.

Na sequência da crise que assolou a República da Irlanda, perdeu o emprego no ramo imobiliário. Com isso, passou a dedicar mais tempo ao futebol. O objectivo é claro: transmitir os princípios latinos a jovens habituados à abordagem pragmática do jogo.

«Lembro-me de jogar futebol na praia, em Cascais. Era puro prazer. Os jovens em Portugal aprendem a desfrutar do jogo, vão para um clube e melhoram sobretudo a parte técnica. Na Irlanda, só pensam em táctica, vertente física e vitória a todo o custo», explica.

«Grande oportunidade para os irlandeses»

Recentemente, Antonio Mantero contribuiu para a ida de treinadores da formação do Barcelona a Dublin. Nuno Pinheiro, ligado às camadas jovens do Sporting, também participou nessa iniciativa. O treinador luso-irlandês quer estreitar laços com a formação leonina.

«O Sporting tem uma das grandes escolas do futebol e estou a tentar um franchising. Quando comecei a treinar os miúdos aqui, não gostei de ver a postura dos outros treinadores, a gritar, a insultar, loucos pela vitória em jogos de pequenos», lamenta. Para desenvolver a sua ideia, projectou um site com um pedido simples: «Let the kids play».

A final da Liga Europa, entre F.C. Porto e Sp. Braga, pode contribuir para a mudança de mentalidades: «Aqui não há paixão. Esta é uma grande oportunidade para os irlandeses verem o futebol português. As pessoas ainda acham que a Liga portuguesa é um campeonato menor, mas com duas equipas na final da Liga Europa, são forçadas a reconsiderar.»

«Os irlandeses conhecem algo do F.C. Porto, mas bem menos do Sp. Braga. É uma pena a final coincidir com as vindas da Rainha de Inglaterra e do Obama a Dublin. Espero ver o estádio cheio, de qualquer forma. Se não, é mais uma oportunidade perdida para os irlandeses», remata Antonio Mantero, ao Maisfutebol.

Dublin: emigrantes lusos à espera da final



«Portugal já saiu a ganhar». É este o sentimento dos emigrantes lusos na República da Irlanda. O orgulho tomou conta daqueles que abandonaram o seu país para procurar a felicidade. Muitos deles estarão na Arena de Dublin para o F.C. Porto-Sp. Braga.

«A final vai coincidir com a visita da Rainha de Inglaterra, algo muito especial, que está a desviar um pouco as atenções da final. De qualquer forma, estou com pensamento positivo e acredito que o estádio acabará por ficar perto da lotação máxima», diz o embaixador Duarte Ramalho Ortigão, da Embaixada de Portugal em Dublin.

O representante português fala de uma cidade à espera de F.C. Porto e Sp. Braga. «É um motivo de orgulho para os portugueses da Irlanda ter cá esta final. Pelos nossos últimos números são 2.700 no país», explica, acrescentando: «Dublin é uma cidade simpática, com um centro pequeno e acolhedor, bem como bastantes jardins. O estádio, uma obra fantástica, também é perto, portanto espero ver muitos portugueses pelas ruas nos próximos dias.»

«Fui convidado pela UEFA a assistir ao jogo no estádio e, seja qual for o vencedor, Portugal sairá sempre a ganhar», remata Duarte Ramalho Ortigão, em declarações ao Maisfutebol.

«Se fossem duas alemãs, era igual»

Nuno das Neves, vice-presidente da Associação Portuguesa da Irlanda, tem uma visão mais pessimista. «Como se já não houvesse confusão que chegue para a final, a visita da Raínha está a motivar fortes medidas de segurança. Infelizmente, penso que a final vai passar um pouco ao lado. Mas não é por serem duas equipas portuguesas. Se fossem duas alemãs, seria igual.

«Eles gostam é de equipas inglesas, sobretudo, ou então do Celtic da Escócia, pelas questões que se sabem. Se fosse uma dessas equipas, o estádio estaria certamente cheio. Assim, não sei como vai ser», explica, em conversa com o Maisfutebol.

O emigrante português explica a sua decisão de rumar à República da Irlanda: «Vivo na Irlanda há cinco anos e meio. Saí de Portugal em 2001 mas ainda vivi em Madrid. Trabalho na área da informática. Moro em Galway, a capital cultural da Irlanda. Não há o stress das grandes cidades. Pensava ficar uns anos a juntar dinheiro e depois ir embora, mas a verdade é que fomos ficando e cá estamos.»

Na recta final da conversa, um conselho. Se vai a Dublin, evite provocar os locais. «O que não convém fazer com os irlandeses? Confundi-los com os ingleses. É a mesma coisa que dizer aos portugueses que eles são espanhóis. Evitem isso», remata Nuno das Neves.

Com bilhetes à borla: «Irlandeses vão torcer pelo Braga»



O Sporting de Braga poderá equilibrar forças na final da Liga Europa. Os adeptos do F.C. Porto estarão em maioria mas os arsenalistas contam com a simpatia dos irlandeses. A explicação é simples: todos gostam das histórias em que o mais pequeno vence o grande.

Domingos Paciência, treinador do Sp. Braga, lembrou isso mesmo em conferência de imprensa: «Ainda não apalpei o pulso aos portugueses, mas acho que motivamos o carinho especial de muita gente. E quando assistimos aos filmes, quando somos crianças, esperamos sempre que o pequeno derrube o grande».

Dominic Foley, que jogou na equipa minhota, e Mike Walsh, antigo avançado do F.C. Porto, garantem ao Maisfutebol que os irlandeses estarão a torcer pelos arsenalistas. «O Braga é o underdog, o menos favorito. Por isso, tenho a certeza que todos os irlandeses irão torcer pelo Braga», explica Foley.

Mike Walsh, ex-internacional irlandês, espera uma vitória do seu antigo clube, o F.C. Porto, mas também admite que a simpatia local irá pender para a equipa de Domingos Paciência. Curiosamente, o Sp. Braga eliminou duas equipas que têm milhares de adeptos em Dublin: o Liverpool e o Celtic. «Ao menos podemos dizer que o Liverpool perdeu com o vencedor da Liga Europa», sintetiza Dominic Foley.

À borla de vermelho

Para reforçar esta ideia, a própria Associação de Futebol da Irlanda está a tentar compor a Arena de Dublin com adeptos que puxem pelos minhotos. Como é sabido, o Sp. Braga requisitou apenas 3.700 bilhetes dos 12.500 que lhe estavam reservados.

O F.C. Porto aumentou a fasquia, mas surgem naturais temores de uma casa por preencher em Dublin. Antonio Mantero, luso-irlandês que treina miúdos na capital irlandesa, garante ao Maisfutebol que muitos ingressos foram oferecidos ao longo das últimas semanas.

«Olhe, eu treino os miúdos do Lourdes Celtic e há umas semanas recebemos 100 bilhetes para distribuir pelos miúdos. A UEFA e a FAI (Associação de Futebol da Irlanda) estão a oferecer os bilhetes que não foram pedidos pelo Braga para colocar os jovens irlandeses no estádio. Fala-se em 2.500 bilhetes oferecidos», revela.

O treinador luso-irlandês promete reforçar o lote de adeptos do Sp. Braga. «Estou em contacto com a FAI e a proposta passa por enviar os bilhetes que sobrem para os clubes irlandeses. Isso permitirá que os jogadores das camadas jovens assistam à final. Vou tentar criar uma onda vermelha no estádio, para equilibrar forças», conclui Antonio Mantero.

Foley, o irlandês do Braga: «Estive no início de tudo»



Dominic Foley terá sido o único irlandês da história do Sporting de Braga. Aliás, o país que recebe a final da Liga Europa teve poucos representantes no nosso futebol. Este foi um deles.

O avançado, actualmente a representar o Cercle Brugge (Bélgica), recorda a temporada 2003/04 com orgulho. Não jogou tanto como desejaria, marcando um golo em doze aparições, mas viu as bases deste Sp. Braga europeu.

«Penso que estive no início de tudo. Foi o primeiro ano de Jesualdo Ferreira em Braga e dizem que ele ajudou a este crescimento do clube. Para além disso, foi a época de estreia no novo estádio, onde o Sp. Braga passou a ter grandes conquistas na Europa», recorda o jogador, em entrevista ao Maisfutebol.

«Fiz apenas um golo»

Aos 34 anos, Foley completa a carreira no futebol belga, onde está desde 2005. Cresceu como jogador em Inglaterra, ainda passou pelo Bohemians da Irlanda depois da época em Braga e pretende pendurar as chuteiras na Bélgica.

«Sinceramente, a nível pessoal, a época em Braga foi desapontante. Acho que fiz apenas dois ou três jogos como titular. Dessa forma, é muito difícil para um avançado ganhar confiança e marcar golos. Fiz apenas um, na Amadora», lembra.

De qualquer forma, o jogador guarda boas recordações do Sporting de Braga: «Apesar de ter sido infeliz, fiquei ligado a esse clube, que estava a crescer. Terminámos numa boa posição do campeonato. Mesmo assim, foi uma grande surpresa ver o Braga chegar tão longe.»

As perguntas de Foley

Foley não resiste à curiosidade. Como se explica esta época de sonho? Pergunta abertamente ao Maisfutebol. Damos as respostas possíveis. Fala-se de António Salvador, de Jesualdo Ferreira, de Jorge Jesus, de Domingos Paciência, de Carlos Freitas e Fernando Couto.

No final, a promessa. O Sp. Braga terá um irlandês a torcer pela sua vitória na final da Liga Europa: «Estamos no play-off aqui na Bélgica e não vou poder ir lá. Mas estarei a ver o jogo pela TV, sem dúvida. O Cercle tem três jogadores do Sporting (Nuno Reis, Renato Neto e Owusu), jovens muito promissores, e estaremos todos a ver.»

«Por acaso, eu sou fã do Liverpool, como muitos irlandeses, e fiquei chocado quando o Sporting de Braga afastou a minha equipa. Mas, até por isso, vou estar a torcer por eles. Ao menos posso dizer que o Liverpool perdeu com o vencedor da Liga Europa», remata, entre sorrisos.

Os irlandeses da nossa história



Veja aqui

A República da Irlanda recebe a festa portuguesa na final da Liga Europa, entre F.C. Porto e Sporting de Braga. Dublin espera a Rainha de Inglaterra, Barack Obama, os dragões e os arsenalistas. Será uma semana em cheio.

O Maisfutebol foi à procura dos pontos em comum no futebol dos dois países. Não são tão poucos quanto isso.

Lembra-se do irlandês que jogou no F.C. Porto? Ou aquele que marcou apenas um golo no Sporting de Braga? Pois bem, há muito por descobrir e recordar nesta galeria.

Alguns heróis, muitas desilusões, outros que ficaram pelo caminho e até um intruso que deu um título ao Benfica. Saiba quem. Está tudo aqui.

Veja aqui

Dublin: uma história de sangue e insurreição



F.C. Porto e Sp. Braga vão pisar uma terra cheia de história na próxima semana. Na verdade, o germinar daquilo que é hoje a Rep. Irlanda remonta ao século IV a.C., quando tribos celtas de origem gaulesa fundaram a civilização gaélica. Território profundamente devoto, conhece o cristianismo no século V d.C., por obra e graça de São Patrício (ou Saint Patrick, padroeiro do país).

Habituada ao derramar de sangue desde os primórdios, a Irlanda é devastada pelos bárbaros vikings (século VIII) e divide-se em vários principados rivais, antes da ocupação anglo-normanda em 1166.

Perante o avanço das forças de Inglaterra, o povo irlandês resiste enquanto pode. Em 1542, o rei Henrique VIII leva as forças de Londres à vitória e consolida o domínio sobre a ilha verde. Começa aqui um longo período de convulsões entre o país ocupante e os colonos locais, levada ao extremo através do despojo - através da força - das terras dos segundos.

«Tivemos de suportar muita coisa. Somos um povo guerreiro, habituado a sofrer. Mas podemos gabar-nos de uma coisa. Nunca nos submetemos às ordens de Inglaterra», diz ao Maisfutebol o irlandês Karl Donnelly, natural de Dublin e adepto ferrenho do Sp. Braga.

Em 1801, finalmente, a Irlanda é integrada no Reino Unido. Depois da fúria dos homens, vinha a caminho a flagelação pela doença. «Mais de um milhão de pessoas morreu e outros dois milhões são obrigados a emigrar, principalmente para os EUA.»

A luta pela soberania ganha um novo fôlego legal - e não só - em 1905. É nesse ano que surge o Sinn Féin, movimento nacionalista e pró-independista. É essa organização que lidera em 1916 o Levantamento da Páscoa num dos mais majestosos edifícios de Dublin, o GPO (posto dos correios). Esta acção visava a libertação das amarras inglesas, mas foi abafada pelo poder infinitamente superior das tropas ao serviço de Londres.

«Sugiro aos visitantes de Dublin uma ida ao GPO. Muitas pessoas morreram nesse prédio e nas imediações. É um local importantíssimo para os habitantes da cidade», explica Karl Donnelly ao nosso jornal.

«Três anos depois disso foi criado um Parlamento independente (liderado por Éamon de Valera) e fundado o IRA», acrescenta. A insurreição ganha uma força nunca antes vista.

A 6 de Dezembro de 1921 é então rubricado o tratado no qual a Irlanda (com excepção do Norte, a zona do Ulster) se torna um Estado independente, embora sob o domínio da coroa inglesa. Paz? Ainda não. Pouco depois deflagra uma breve Guerra Civil entre os partidários do tratado negociado pelo célebre Michael Collins e os republicanos pró-independência.

A independência total só chega em 1937. A Irlanda passa a chamar-se EIRE e desvincula-se em absoluto da monarquia britânica.

Memórias das finais lusas



Recorde as finais portuguesas

O F.C. Porto ganhou a sétima competição europeia para Portugal, numa final que seria sempre histórica, por ter colocado frente a frente duas equipas nacionais. Em Dublin, um golo de Falcao em cima do intervalo derrotou o Sp. Braga e deu a Liga Europa aos dragões.

A partir de Dublin, com os enviados-especiais Pedro Jorge da Cunha e Vítor Hugo Alvarenga, o Maisfutebol contou-lhe tudo sobre a final. Pode recordar aqui: crónica, fotos, reportagem.

Esta foi a 15ª final europeia do futebol português. A partir daqui, pode recordar toda a história. Primeiro, os finais felizes. Recuperámos os dois triunfos do Benfica da década de 60 na Taça dos Campeões Europeus, saltámos até Antuérpia e ao «cantinho do Morais» do contentamento sportinguista e passámos para as conquistas do F.C. Porto de Viena, Sevilha e Gelsenkirchen. Depois, recordámos as dolorosas decepções de Benfica, Sporting e F.C. Porto nos jogos decisivos. Para concluir o périplo, trouxemos-lhe todas as presenças lusas na Supertaça Europeia e na Taça Intercontinental.

Neste momento histórico para o futebol português, faça connosco essa viagem.

Recorde as finais portuguesas

Hotéis em Dublin: Porto e Braga mantêm as distâncias (fotos)



F.C. Porto e Sp. Braga vão manter as distâncias em Dublin. Esta é a final com maior proximidade entre as equipas na história da Liga Europa/Taça UEFA: apenas 47 quilómetros entre as duas cidades. Na Irlanda, será parecido.

Ou seja, os hotéis escolhidos por dragões e arsenalistas ficam à mesma distância, seguindo pela autoestrada (M50) que circunda Dublin. O F.C Porto ficará no Portmarnock Hotel, a norte da capital, e o Sp. Braga ficará no Fitzpatrick Castle, a sul.

O Maisfutebol confirmou as informações na Irlanda, embora as unidades hoteleiras tenham recusado comentários públicos por imposição dos clubes portugueses.

O F.C. Porto chegará na segunda-feira, dia 17, enquanto o Sp. Braga seguirá viagem apenas no dia seguinte. A equipa de André Villas-Boas fica instalada num hotel conhecido pelos seus campos de golfe, bem próximo do mar, na localidade com o mesmo nome.

Outra curiosidade em torno do Portmarnock Hotel, o quartel-general do F.C. Porto: já foi a casa da família Jameson. Isso mesmo, o berço do wiskey Jameson. O Sp. Braga escolheu um castelo localizado em Killiney.

Os adeptos das duas equipas também ocupam espaços com tradição e dimensões consideráveis. A Fun Zone destinada aos dragões será no complexo Royal Dublin Society, onde existem vários espaços relvados, enquanto os bracarenses ocuparão a The Point Village, uma praça com uma roda gigante e várias animações, anexa ao pavilhão O2.

Tudo a postos.

Rainha e Obama em Dublin: e ninguém pensa em futebol



E, se de repente, a rainha de Inglaterra e Barack Obama roubassem todo o protagonismo a F.C. Porto e Sp. Braga em Dublin? Não, não é qualquer efabulação ou mera hipótese. Na verdade, isto é a mais pura das realidades. A capital da República da Irlanda engalana-se para receber a partir do dia 17 de Maio (véspera da final da Liga Europa) os dois chefes-de-Estado. E quase ninguém pensa em futebol na cidade.

A rainha Isabel II, soberana do território do Reino Unido da Grã-Bretanha, prepara-se para visitar uma região muitas vezes esquecida por Londres. O último monarca britânico a visitar território irlandês foi o rei George V, precisamente há 100 anos. Depois disso, o sul da Irlanda tornou-se independente (1921) e as relações com a Casa Real foram-se deteriorando até níveis preocupantes.

«A visita da rainha é muito especial. Estão a ser tomadas grandes medidas de segurança», confirma ao Maisfutebol Duarte Ramalho Ortigão, embaixador português em Dublin. «É a primeira vez que a Rep. Irlanda recebe um soberano inglês após a independência. Sei que vai haver grandes restrições nas movimentações a carro e a pé. A final não vai ser afectada, mas os irlandeses estão a desvalorizá-la.»

Numa demonstração de boa vontade e abertura, a rainha Isabel II decidiu ser esta a altura ideal para quebrar o gelo entre Inglaterra e Rep. Irlanda. Viveram-se tempos conturbados desde a proclamação da independência de Dublin e em 1979 a própria família da rainha foi atingida em cheio pelo conflito, quando Lord Mountbatten, seu primo direito, foi assassinado pelo IRA (Exército Republicano Irlandês).

«A final vai passar um pouco ao lado. A presença da rainha está a motivar fortes medidas, pois alguns grupos independentistas ainda estão activos», confidencia ao nosso jornal o vice-presidente da Associação Portuguesa da Irlanda, Nuno das Neves. «Nem sequer vai ser a polícia a tomar conta das operações, mas sim as forças armadas. A rainha estará cá de 17 a 20 de Maio.»

Barack Obama também tem uma história a ligá-lo a Dublin. Alguns antepassados do presidente dos EUA viveram no século XVII numa vilazinha chamada Moneygall, a pouco mais de 100 kms da capital. Obama estará nos dias 22 e 23 de Maio no país, mas a euforia já tomou definitivamente conta dos irlandeses. Neste caso, sem a tensão inerente à presença da rainha.

Guia de Dublin: tudo o que precisa de saber!



Veja aqui

A menos de uma semana da final da Liga Europa, o Maisfutebol apresenta-lhe um roteiro prático de Dublin. Se vai acompanhar o duelo entre F.C. Porto e Sp. Braga, saiba o que pode esperar e sítios a visitar nas horas vagas.

Antes de mais, o aviso: a presença da Rainha de Inglaterra na cidade, de 17 a 20 de Maio, promete colocar Dublin em estado de sítio. Evite os excessos na via pública. Fique a saber tudo sobre a cidade dos U2, de James Joyce, da Guiness e do Jameson. Por falar em bebidas, não as pode comprar em qualquer lado. Uma pint custa cinco euros.

Para comer, a melhor solução são os pubs, com a zona de Temple Bar em destaque. Outro aviso importante: se fuma, vá prevenido. Um Marlboro, por exemplo, custa mais de oito euros.

Duarte Ramalho Ortigão, embaixador português em Dublin, e Nuno das Neves, vice-presidente da Associação Portuguesa da Irlanda, guiam o Maisfutebol numa visita antecipada ao palco da final da Liga Europa. Venha connosco.

Veja aqui

Sp. Braga: Ukra só ganha a Liga Europa com triunfo portista!



E agora? Ukra, jogador que representa o Sporting de Braga, enfrenta uma situação inusitada. O extremo português só pode ganhar a Liga Europa se o F.C. Porto vencer a final de Dublin. «Acho que nem ele sabe bem o que pensar», brinca o amigo Castro.

Ukra foi utilizado por André Villas-Boas na Liga Europa, aproveitando uma ausência forçada de Hulk. O jovem luso surgiu no titular frente ao Genk (0-3), permanecendo em campo durante 74 minutos. Na fase de grupos, saltou do banco para substituir Varela, na visita do F.C. Porto ao Rapid de Viena (1-3).

Em Janeiro, Castro e Ukra dialogaram com a direcção portista e ficou definido novo empréstimo para os dois produtos dos escalões de formação. O médio rumou ao Sporting de Gijón, enquanto o extremo foi cedido ao Sporting de Braga por época e meia.

Face à presença com a camisola do F.C. Porto na Liga Europa, Ukra não podia disputar a competição europeia, na mesma época, por outro clube. Como tal, torceu por fora pelo sucesso arsenalista. O jogador não será utilizado em Dublin, enfrentando o tal impasse único.

«Já brinquei com ele sobre isso»

«Acho que o que acontece com o Ukra é algo que ninguém está preparado para passar. É algo único e penso que nem ele sabe bem o que pensar nesta altura. Mas antes de mais é um grande profissional», salienta Castro, em declarações ao Maisfutebol.

O médio do Sp. Gijón já brincou com a situação: «Já falei com ele e brinquei com a história, dizendo-lhe que, se ele quer ganhar a Liga Europa, vai ter de ver a equipa que representar agora perder em Dulbin.»

«Acho que a saída do Porto foi o melhor, pois estávamos a treinar ao mais alto nível como o mister Villas-Boas mas ficávamos naturalmente tristes por não jogar. O Ukra está a jogar bem no Braga e acho que na próxima época ele vai continuar a provar que é um grandíssimo jogador», remata o amigo Castro, com um abraço desde Espanha.

Liga Europa: dez factos de uma final histórica



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18 de Maio, Arena de Dublin, República da Irlanda. Uma final da Liga Europa inteiramente portuguesa já é só por si um momento único. E há muito mais factos para a história à volta de Dublin.

Sabe, por exemplo, que esta será a final europeia entre clubes mais próximos? São 47 quilómetros entre Porto e Braga, quase metade do recorde anterior, válido desde 1988.

O duelo português em Dublin terá vários motivos de interesse, vários registos por bater na história da UEFA. Esse é o mote para a viagem que o Maisfutebol lhe oferece. Está preparado? Pode começar.

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Vai a Dublin? As melhores histórias dos leitores!



O desafio foi lançado pelo Maisfutebol e aceite de uma forma extraordinária. Quisemos saber os preparativos dos nossos leitores para a viagem que planearam fazer até Dublin. Recebemos centenas de mails até ao dia de hoje, o dia da grande final. Agora, decidimos partilhar as melhores (isto é sempre subjectivo, naturalmente) com todos os que nos lêem.

Fica o nosso agradecimento a todos os que aceitaram o nosso repto e se mostraram, desde a primeira hora, receptivos a um encontro com a equipa de reportagem do Maisfutebol presente em Dublin. Obrigado!

Nota: algumas histórias tiveram de ser encurtadas, mas mantivemos a essência das aventuras

As melhores histórias dos leitores:

José Antunes, de Braga:

«Eu e mais quatro amigos de carro até Santander e daí apanhamos o avião para Dublin com escala em Barcelona. Conto lá chegar às 00h00 do dia do jogo e venho no dia seguinte ao meio-dia. Três dias a dormir pelos cantos. Vamos sem hotel. Mas vamos! Dos cinco há quem nunca tenha andado de avião e daí que haja um nervoso miudinho nesses companheiros de viagem.»

Francisco Guimarães, Porto:

«Depois de assistir no Dragão aos 5-1 ao Villarreal comecei a analisar as possibilidades de ir a Dublin. Primeiro passo: vou com quem? Os amigos benfiquistas disseram que vinham, mas «os imprevistos» surgiram TODOS depois do jogo na Pedreira. Vou sozinho, concluí! Em conversa, falei com uma amiga polaca (Magdalena Wozniak) que está a estudar em Itália e que sempre quis ir a Dublin.

Comecei por comprar os bilhetes de avião e esperar pela venda dos ingressos para a partida! Não tenho lugar anual, logo, vi os primeiros bilhetes a voar à minha frente. Felizmente, e uma vez que o país vive de «conhecimentos/cunhas», sou primo de um ex-jogador do Braga. Fui ao Estádio AXA buscar os ingressos para a final! Os bilhetes dizem SC Braga, eu sou portista desde que nasci, a amiga polaca só conhece o Cristiano Ronaldo, e dia 18 lá estaremos, com camisola do Braga da Taça UEFA de 2008/2009, a camisola do Porto da época 2003/2004 em que venceu a Liga dos Campeões e cachecol de Portugal!

A minha tem um amigo que trabalha no Google e vamos lá almoçar com ele. Vou conhecer a empresa e os lugares mais emblemáticos de Dublin.»

João Silva Costa, do Porto

«Quando soube da notícia que os bilhetes iriam para venda, jantei rapidamente e fui a correr para o estádio. Quando cheguei soube que seria o 45º a comprar bilhete mas tinha um problema em mãos: não tinha nenhum cartão Dragon Seat. Durante três horas, já com lugar assegurado, fiz todos os contactos possíveis e imaginários para arranjar os cartões. O mais interessante é que as pessoas que me emprestaram os cartões foram as mais inesperadas. Depois disso seguiram-se 10h de espera! Vou até Glasgow, tenho uma viagem de cinco horas de camioneta e depois Dublin! Aposto no resultado Porto 2-1 Braga.»

Eduardo Batalha, da Marinha Grande

Na segunda-feira saímos ao final da tarde da Marinha Grande, passámos por Lisboa para apanhar os companheiros de viagem e seguimos para o Algarve (Armação de Pêra). Vamos pernoitar em Armação e temos o voo para Dublin (via Liverpool) às 10h15 com chegada prevista para às 16h45. Cada um de nós, sócios e ferrenhos benfiquistas contávamos obviamente com a presença do Glorioso. Entre perder o dinheiro dos bilhetes e da viagem e aproveitar para ter três dias de diversão e futebol, nem hesitámos.»

Tiago Oliveira, de Dublin

«Vivo em Dublin ha mais de 12 anos. Vou ao jogo apesar de ser benfiquista e espero que seja uma boa promoção do futebol português. Aqui vâo umas dicas para quem cá vier: O centro da cidade é pequeno e compacto. Não tem monumentos espectaculares, mas há sítios que vale a pena visitar: Trinity College (a biblioteca e lindíssima); Grafton Street; os parques de St. Stephen's Green e Merrion Square.»

A final portuguesa

F.C. Porto, Sp. Braga, Benfica e Villareal atingiram as meias-finais da Liga Europa 2010/11. As duas primeiras seguiram em frente. Era oficial, haveria final portuguesa em Dublin, República da Irlanda. Foi um momento único para o futebol português, com 45 mil pessoas no moderno Aviva Stadium, numa cidade lindíssima. O Maisfutebol acompanhou este momento a par e passo. Aqui fica o resumo dessa viagem para memória futura.