sexta-feira, 20 de maio de 2011

Dublin: uma história de sangue e insurreição



F.C. Porto e Sp. Braga vão pisar uma terra cheia de história na próxima semana. Na verdade, o germinar daquilo que é hoje a Rep. Irlanda remonta ao século IV a.C., quando tribos celtas de origem gaulesa fundaram a civilização gaélica. Território profundamente devoto, conhece o cristianismo no século V d.C., por obra e graça de São Patrício (ou Saint Patrick, padroeiro do país).

Habituada ao derramar de sangue desde os primórdios, a Irlanda é devastada pelos bárbaros vikings (século VIII) e divide-se em vários principados rivais, antes da ocupação anglo-normanda em 1166.

Perante o avanço das forças de Inglaterra, o povo irlandês resiste enquanto pode. Em 1542, o rei Henrique VIII leva as forças de Londres à vitória e consolida o domínio sobre a ilha verde. Começa aqui um longo período de convulsões entre o país ocupante e os colonos locais, levada ao extremo através do despojo - através da força - das terras dos segundos.

«Tivemos de suportar muita coisa. Somos um povo guerreiro, habituado a sofrer. Mas podemos gabar-nos de uma coisa. Nunca nos submetemos às ordens de Inglaterra», diz ao Maisfutebol o irlandês Karl Donnelly, natural de Dublin e adepto ferrenho do Sp. Braga.

Em 1801, finalmente, a Irlanda é integrada no Reino Unido. Depois da fúria dos homens, vinha a caminho a flagelação pela doença. «Mais de um milhão de pessoas morreu e outros dois milhões são obrigados a emigrar, principalmente para os EUA.»

A luta pela soberania ganha um novo fôlego legal - e não só - em 1905. É nesse ano que surge o Sinn Féin, movimento nacionalista e pró-independista. É essa organização que lidera em 1916 o Levantamento da Páscoa num dos mais majestosos edifícios de Dublin, o GPO (posto dos correios). Esta acção visava a libertação das amarras inglesas, mas foi abafada pelo poder infinitamente superior das tropas ao serviço de Londres.

«Sugiro aos visitantes de Dublin uma ida ao GPO. Muitas pessoas morreram nesse prédio e nas imediações. É um local importantíssimo para os habitantes da cidade», explica Karl Donnelly ao nosso jornal.

«Três anos depois disso foi criado um Parlamento independente (liderado por Éamon de Valera) e fundado o IRA», acrescenta. A insurreição ganha uma força nunca antes vista.

A 6 de Dezembro de 1921 é então rubricado o tratado no qual a Irlanda (com excepção do Norte, a zona do Ulster) se torna um Estado independente, embora sob o domínio da coroa inglesa. Paz? Ainda não. Pouco depois deflagra uma breve Guerra Civil entre os partidários do tratado negociado pelo célebre Michael Collins e os republicanos pró-independência.

A independência total só chega em 1937. A Irlanda passa a chamar-se EIRE e desvincula-se em absoluto da monarquia britânica.

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