sexta-feira, 20 de maio de 2011

Dublin: não há futebol num dos maiores estádios da Europa



Em Corke Park, um estádio de consideráveis dimensões em Dublin, não há futebol. A realidade estranha-se, quando se ouve falar de um dos maiores recintos da Europa. São 82.300 lugares, mais que a Luz, o Dragão ou Alvalade, à espera dos desportos gaélicos.

Os irlandeses orgulham-se da independência conquistada com sangue e promovem o nacionalismo de várias formas. Uma delas, o desporto. A GAA (Gaelic Athletic Association) utiliza o Corke Park como sede e palco dos seus jogos.

Aqui, em Dublin, quase todos os homens praticaram Futebol Gaélico ou Hurling, os desportos gaélicos que a República da Irlanda apresentou ao Mundo. Padráig Amond, que joga no Paços de Ferreira, praticou Hurling até à adolescência. É um hábito, uma tradição reforçada ao longo das gerações.

Do outro lado da capital irlandesa, nesta quarta-feira portuguesa, estará um dos maiores estádios da Europa sem espaço para o futebol. O Corke Park é apenas superado por Camp Nou (99 mil lugares), o estádio de Wembley (90 mil) e o estádio Luzhniki, em Moscovo (89 mil).

Para os defensores dos Desportos Gaélicos, o râguebi e o futebol são jogos de protestantes, popularizados pela rival Inglaterra e, como tal, indesejados. Durante anos, quem fosse visto em eventos desses desportivos será excluído automaticamente da GAA. Isso aconteceu até a um presidente da República da Irlanda, Douglas Hyde.

As excepções contam-se pelos dedos. Em Fevereiro de 2007, Corke Park aceitou receber dois jogos de râguebi. A selecção da Irlanda perdeu com a França mas venceu o encontro que gerava maior inquietação. No dia 24, num palco onde morreram várias pessoas durante o Bloody Sunday, ouviu-se o hino de Inglaterra. Ninguém protestou. Imperou o silêncio e o choro de revolta. A equipa da casa venceu por números convincentes e abafou os protestos.

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