sexta-feira, 20 de maio de 2011

Mundo benfiquista em Dublin: «Dói um bocadinho»



O Benfica está longe, muito longe de Dublin, para frustração de muitos dos emigrantes portugueses da capital irlandesa. Mas há formas de contornar o semblante carregado e o coração dorido. Tiago Oliveira, por exemplo, vai ao estádio ver a final da Liga Europa e é bem capaz de ir com a camisola do clube da Luz.

«Dói um bocadinho. Estou em Dublin há 12 anos, tinha a oportunidade única de ver o meu clube numa final europeia na cidade onde vivo e o Sp. Braga não deixou», desabafa o engenheiro português, em conversa com o Maisfutebol no pub Slattery's, a escassas centenas de metros do Aviva Stadium (ou Dublin Arena).

«Ao menos vou ver duas equipas portuguesas. Se fosse o F.C. Porto contra o Dínamo Kiev era pior. Assim posso torcer pelo Sp. Braga. Ainda estou a pensar se levo a minha camisola do Benfica ou não. Se calhar levo só a bandeira de Portugal, tenho de ver», diz Tiago Oliveira, que nunca pensou em faltar ao jogo. Tinha mesmo de ser. A imagem do esqueleto das bancadas entra pela janela da empresa deste engenheiro adentro.

«Por acaso arranjei o bilhete só agora. Não arrisquei comprar antes. Sei que há benfiquistas ainda demasiado doridos para ir ao jogo, embora conheça vários emigrantes portugueses que vão. Há um grande entusiasmo na comunidade portuguesa por este F.C. Porto-Sp. Braga.»

Tiago Oliveira chegou à Irlanda em 1999, passou também três anos em Inglaterra, casou-se com uma irlandesa e tem duas filhas. Tudo seria realmente perfeito se o Benfica estivesse cá e não houvesse a inoportunidade de duas visitas pouco desejadas.

«No dia do jogo vai haver mais animação. A presença da rainha esta semana e do Barack Obama na próxima estragaram um bocado o ambiente. Até o festival da canção roubou protagonismo à Liga Europa. Quarta-feira será diferente e o ambiente será óptimo.»

«Assim vamos mais descontraídos ao jogo»

Se Tiago Oliveira já está em Dublin, outros benfiquistas vêm ainda a caminho. Eduardo Batalha viaja com dois amigos de Faro para Liverpool e depois da cidade dos Beatles até à capital da Rep. Irlanda. É leitor do Maisfutebol e contou-nos a sua aventura.

«Cada um de nós, sócios e ferrenhos benfiquistas, contava obviamente com a presença do Glorioso, mas a falta de arte, de sorte e, sobretudo, de empenho e garra deixou-nos de mãos a abanar», lamenta.

«Entre perder o dinheiro dos bilhetes e da viagem ou aproveitar para ter três dias de diversão e futebol, nem hesitámos. Não é todos os dias que se vê ao vivo uma equipa portuguesa jogar no estrangeiro, e muito menos duas, muito menos numa final de uma competição europeia.»

Eduardo Batalha, curiosamente, estudou em Braga. Também por isso, «mas não só», já escolheu para onde inclinará o coração na final. «Fiquei com um certo carinho pelo clube. Lembro-me de ir ver uns jogos ao Estádio 1.ª de Maio, quando o Braga fez uma boa época na UEFA. Jogou com o Vitesse, o Karlsruhe e tinha o Karoglan e o Toni no ataque.»

Devoto benfiquista, Eduardo Batalha até vê um ponto positivo na ausência do seu clube. «Acho que assim até vamos mais descontraídos», remata, num notável fair-play. O mundo benfiquista não desiste da final, mesmo que a equipa de Jorge Jesus não tenha correspondido aos seus anseios.

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